quarta-feira, 31 de março de 2010

Demo diz que vai contar tudo

Ao depor ontem à CPI da Corrupção, na Câmara Legislativa, o ex-secretário de Relações Institucionais do DF Durval Barbosa mandou recados para políticos e empresários de Brasília. "O rolo compressor vem aí, nem começou. Quem tiver sua culpa que assuma, pois muita coisa vai acontecer."

Delator do "mensalão do DEM", Barbosa afirmou que resolveu denunciar o esquema porque "não aguentava mais os achaques" do governador cassado José Roberto Arruda e do ex-vice-governador Paulo Octávio, que renunciou após o escândalo.

Ele ratificou os 40 depoimentos dados até agora à Polícia Federal e ao Ministério Público como réu colaborador do inquérito conduzido pelo Superior Tribunal de Justiça. Mas se recusou a responder às perguntas dos deputados, uma vez que vários dos membros do Legislativo são acusados de receber propina.

"Só presto depoimento para entidades sérias e nas quais confio", afirmou. Com isso, a sessão da CPI durou apenas 35 minutos. Diante da insistência do deputado Batista das Cooperativas (PRP), Barbosa disse, irritado, que seria mais útil interrogar os envolvidos no esquema. "A sociedade está ansiosa para ouvir o ex-governador Arruda, o Paulo Octávio, seus assessores, os secretários e os deputados envolvidos darem suas explicações."

Segurança. A sessão foi realizada num auditório da PF, sob forte esquema de segurança porque o ex-secretário está sob proteção. Suas delações levaram à deflagração da Operação Caixa de Pandora, em novembro passado. Ele anexou ao inquérito 30 vídeos com cenas de corrupção explícita em que Arruda, deputados e secretários aparecem guardando maços de dinheiro nos bolsos, em pastas e até nas meias e cuecas. "Eu apenas tive a coragem de me livrar desse mal que estava me corroendo."

O advogado de Arruda, Nélio Machado, classificou de "retórica" as ameaças de Barbosa. "Rolo compressor é contra ele."

domingo, 28 de março de 2010

Serra sempre aprontando as suas debaixo dos panos

Vítima de cybersquatting ("grilagem" de domínios de internet), o governador de São Paulo e pré-candidato do PSDB à Presidência, José Serra, recuperou, por meio de liminar, os endereços joseserra.com.br e joseserra.org.br, que foram registrados em 2008 por uma associação de Minas Gerais que ministra cursos a distância, a maioria de cunho religioso. O PSDB tinha perdido os domínios em 2002, por deixar de pagar a manutenção de R$ 30 anuais por cada endereço.
O Núcleo de Informação e Coordenação Ponto BR (entidade que administra o registro de domínios no país) havia recusado uma demanda oficial do PSDB para retomar a posse dos endereços. O contrato que rege essa relação preserva alguns direitos da primeira pessoa a solicitar determinada URL, desde que ela consiga comprovar a legitimidade da demanda.
Frustrada a tentativa de reaver o domínio, a assessoria jurídica dos tucanos entrou, no dia 11, com ação na Justiça, alegando uso abusivo da imagem de Serra, além da reprodução ilícita dos símbolos do PSDB.
Na ação, que inclui pedido de indenização por danos morais, os advogados de Serra reproduzem documento em que os atuais proprietários do domínio se dizem dispostos a vendê-lo a um madeireiro no Pará, homônimo do governador.
Segundo o advogado Ricardo Penteado, a associação mineira sinalizou a hipótese de venda do domínio, o que por si só já justificaria a retomada da URL. Penteado chama de insólita a versão dos donos do domínio, já que o site exibia fotos de Serra, atribuindo ao governador a autoria de textos publicados.
Na última quinta-feira, o juiz João Omar Marçura determinou, liminarmente, o cancelamento do domínio e aplicação de multa diária de R$ 500 em caso de seu descumprimento.
Um dos responsáveis pela comunicação na campanha de Serra, Eduardo Graeff admite que a manutenção do registro nas mãos da associação causaria prejuízo à candidatura.
"Para a comunicação de Serra, não chega a ser uma tragédia, mas é um ruído", disse.
Os indícios de cybersquatting não sensibilizaram o órgão regulador, e a disputa entre o tucano e Magnus Carlo de Oliveira Costa, 26, ganhou outra versão: além do madeireiro, haveria outro homônimo.
"O domínio não é meu, apenas uso em comodato", afirmou à Folha Magnus, que até ontem ainda aparecia numa foto no endereço www.joseserra.com.br. Dizendo-se fã do governador, a quem chama de "futuro presidente do Brasil", o empresário diz que o domínio foi cedido por José Marcelino de Mirando, ou o "pastor José Serra" -sobre quem não há qualquer menção na web.
"Como todo pastor, ele é amante das almas e sempre luta contra a criminalidade, prostituição infantil, drogas, alcoolismo e outros. Viajou demais por todo o Brasil fazendo trabalho missionário e está muito doente", contou Magnus.
O empresário administra em Ituiutaba (MG) com seu pai, o advogado Omar Silva da Costa, uma empresa de cursos à distância que, entre outros temas, oferece formação específica em capelania e até um doutorado em Teologia da Divindade.
Ambos aparecem vinculados a uma dezena de entidades supostamente religiosas e que combateriam as drogas que registraram domínios com a extensão ".br". Todas vendem palestras e cursos de, em média, 90 dias e que podem ser adquiridos diretamente na internet por cerca de R$ 300.
Entidades evangélicas acusam os empresários de plágio e grade curricular inadequada. A igreja católica também manifestou contrariedade porque a imagem do Papa Bento XVI foi usada num dos sites dos empresários para referenciá-lo. A página www.cursodepadre.com.br, cujo domínio estava em nome de Magnus e foi alterado para o de uma mantenedora de sites, saiu do ar e foi redirecionada para o Google.
Magnus se diz vítima de perseguição religiosa. "A religião é livre no Brasil, e cursos católicos de natureza estritamente religiosa, também. Entendo que há intolerância religiosa e tentativa de danos morais."

quinta-feira, 18 de março de 2010

Maquiagem pública

O prefeito Gilberto Kassab (DEM) parece não se orgulhar da cidade que administra nem do seu próprio trabalho.

Senão, não precisaria se esforçar tanto para maquiar regiões e bairros de São Paulo que pretende visitar.

Sempre que o prefeito tem um compromisso público em algum lugar da capital, uma equipe da subprefeitura é mobilizada para melhorar as condições de limpeza e os cuidados com a região.

Os assessores de Kassab têm até um nome para a rotina: "operação prefeito".

Horas antes da chegada do prefeito, funcionários de empresas de limpeza ou da subprefeitura desembarcam no local e começam a recolher o lixo e aparar o mato. Dependendo da ocasião, pintam o meio-fio; até asfalto novo já colocaram em um trecho.

A própria existência dessas operações revela que a cidade está precisando de mais cuidado.

Todo paulistano é testemunha disso. O mato cresce livremente em alguns pontos, ruas sujas parecem ter sido abandonadas, a sinalização de trânsito falha com frequência e o asfalto, já de má qualidade, está cada vez mais esburacado.

Tudo isso sugere que as equipes das subprefeituras deviam ser usadas, todos os dias, para melhorar a qualidade de vida das pessoas que moram na cidade --e não para fazer maquiagem durante a visita de autoridades.

Alguém devia dizer ao prefeito que os cidadãos sabem muito bem a diferença entre faz-de-conta e realidade

quinta-feira, 4 de março de 2010

Arruda quer trocar PF por clínica. Motivo? ‘Estresse’


Preso na sede da Polícia Federal em Brasília, o governador afastado do Distrito Federal, José Roberto Arruda (ex-DEM), pode alegar que sofre estresse na cadeia para ser transferido a uma clínica particular, caso os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitem, na tarde de hoje, o pedido de habeas corpus dele, que é acusado de obstruir as investigações do mensalão do DEM.

Pela manhã, a batalha será na Câmara Legislativa, que vota o pedido de impeachment de Arruda, suspeito de comandar o esquema de corrupção. Ontem, ele enviou documento à Corte e ao Legislativo em que assume o compromisso de manter-se, em caso de soltura, licenciado do cargo até o fim das investigações.

Novos caminhos

Apesar das promessas e dos argumentos jurídicos, os advogados já estão preparados para uma derrota no STF e articulam novos caminhos: pedir a revogação da prisão ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), responsável pelo cárcere do governador, ou uma saída médica, em que Arruda seria transferido para uma clínica particular sob a condição de preso.

Os ministros do STJ, que já sinalizaram que aceitam libertá-lo em troca da renúncia ao cargo, não veem com simpatia a proposta de uma “licença até o fim das investigações”.

A cartada do problema de saúde é uma etapa intermediária para evitar uma decisão radical. Clínicas renomadas de Brasília já foram sondadas por emissários do governador sobre a possibilidade de recebê-lo na eventualidade de a Justiça aceitar a alegação de que ele não terá condições de saúde para continuar na PF.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Chega de trote

Futuros médicos que estudam na UMC (Universidade de Mogi das Cruzes) partiram para a ignorância na hora de recepcionar os calouros.

Veteranos reuniram os novatos num sítio para submetê-los a humilhações. Os recém-chegados levaram tapas no rosto, tiveram que beijar os pés dos mais antigos e passaram pelos conhecidos "banhos" de farinha, ovo e ketchup. E ainda teve gente obrigada a lamber carne bovina estragada.

Alguns estudantes que se recusaram a cumprir as ordens dos veteranos foram brindados com uma dose de caipirinha nos olhos. Um espetáculo de violência e covardia.

Apesar de tudo, depois que o trote acabou ninguém procurou uma delegacia para se queixar. Mas como as imagens da festinha foram exibidas no domingo pelo programa "Fantástico", da Rede Globo, a Polícia Civil decidiu abrir inquérito. Em 30 dias a investigação será concluída.

A direção da UMC também instaurou uma sindicância interna para apurar responsabilidades. Em Mogi das Cruzes, o trote é proibido por lei municipal, que estabelece multa de R$ 1.996 para os responsáveis.

O caso mostra que esse tipo de prática, que já acabou até em morte, continua sendo uma tradição em nossas faculdades.

Felizmente, como aconteceu este ano na Faculdade de Medicina da USP, tem gente tentando mudar. Em vez do trote, a escola recebeu os calouros com churrasco, jogos de futebol, aulas de forró e outras atividades.

Foi um ótimo exemplo, que deveria ser seguido.

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