terça-feira, 17 de novembro de 2009

Viga a menos pode ter causado acidente, diz Crea

O Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de São Paulo (Crea-SP) afirmou ontem que a instalação de quatro, e não cinco vigas previstas, é a principal hipótese para explicar as causas do acidente ocorrido na noite de sexta-feira em obra do trecho sul do Rodoanel, em construção, em que três pessoas ficaram feridas.

A informação foi divulgada depois que representantes do Crea visitaram o local onde ocorreu o acidente, na rodovia Régis Bittencourt, em Embu, na região metropolitana de São Paulo.

De acordo com o Crea, a instalação de uma viga a menos é um procedimento incorreto e inadequado. Uma das cinco vigas, entretanto, quebrou antes de ser instalada, durante o transporte. Para os engenheiros do Crea, como a quinta viga quebrou, nenhuma delas deveria ter sido instalada.

Isso porque o cálculo do projeto é feito considerando as cinco vigas e a amarração entre elas só é feita depois da instalação de todas. "É como um quebra-cabeça", explicaram os engenheiros do Crea. Para eles, porém, a instalação de quatro vigas, e não cinco, não é um erro, mas é tecnicamente incorreto.

Antes, Antônio Carlos Tosetto, coordenador da Câmara Especializada de Engenharia Civil do Crea, já havia dito que acreditava que as vigas apresentavam problemas antes da instalação. "Acho que pelo menos uma viga já devia estar comprometida, mesmo que fosse imperceptível. Pode ter sido na montagem ou talvez até tenha levado um tombo", afirmou. Ele ainda acrescentou que será realizado um "levantamento de todos aqueles que participaram da obra", com o objetivo de "abrir um processo e apurar quem são os profissionais responsáveis".

As vigas, que pesam 85 toneladas e têm 40 metros de comprimento, haviam sido instaladas no começo da semana passada. Por volta das 21h15 de sexta, elas despencaram de uma altura de aproximada de 20 metros e atingiram um caminhão e dois carros - um deles ficou totalmente destruído

O Ministério Público de São Paulo instaurou inquérito civil com o objetivo de apurar as causas do acidente no Rodoanel. O procedimento, a cargo da Promotoria de Justiça do Patrimônio Público e Social, também vai verificar possível ato de improbidade administrativa por parte dos agentes públicos estaduais responsáveis pela obra.

Duas das três vítimas que ficaram feridas no acidente permaneciam internadas ontem. De acordo com os hospitais, os dois passam bem, mas sem previsão de alta. Uma das vítimas é o ferramenteiro Carlos Fernando Rangel, 38, que teve uma fratura no punho esquerdo. De acordo com a assessoria do Hospital Alvorada, onde está internado, ele deverá passar por uma cirurgia na sexta-feira. No domingo, ele disse que acredita ter sido salvo por ter feito uma manobra com seu carro quando as vigas caíram.

O caminhoneiro Reginaldo Aparecido Pereira, 40, também ferido no acidente, está em observação no Hospital Geral de Pirajussara, em Taboão da Serra, na região metropolitana. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, ele passa bem, mas não há previsão de alta.

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