sábado, 10 de outubro de 2009

Dutra é reprovada em estudo técnico

Principal ligação entre as maiores metrópoles do país, a rodovia Presidente Dutra (BR-116) foi reprovada no mais amplo estudo já feito por técnicos da União sobre qualidade das estradas federais concedidas à iniciativa privada.
O documento aponta que praticamente todos os trechos da Dutra têm excesso de veículos e há pontos com altos índices de acidentes com mortes. E que a rodovia está com capacidade saturada ou muito perto de saturação.
O diagnóstico realizado pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) deu nota baixa para a estrada que liga São Paulo ao Rio em seis dos sete trechos avaliados.
A escala de avaliação vai de "A" a "F". A Dutra recebeu uma nota "F", três notas "E", duas "D" e uma nota "C".
O pior trecho, que recebeu nota "F", fica na Baixada Fluminense. E é exatamente ali que ocorre o maior índice de mortos (cálculo que considera mortes, extensão da estrada e tráfego médio). Em 2008 foram 65 mortos em apenas 2,4 quilômetros de estrada.

Mais praças de pedágio
A estrada foi concedida à empresa NovaDutra em 1995, quando era conhecida como a "rodovia da Morte", e começou a cobrar pedágio no ano seguinte. Os investimentos na estrada num primeiro momento baixaram muito os índices de acidentes e mortes.
Nos últimos anos, porém, o número de mortes na via se estabilizou: foram 226 em 2006 e em 2007 e três a mais em 2008.
"Na época da concessão [assinada em 1995], o pedágio era apontado como salvação da lavoura. Hoje a Dutra é outra rodovia, mas o investimento parou e a ANTT vinha sendo muito lenta em determinar mais obras", diz Eduardo Rebuzzi, diretor da CNT (Confederação Nacional de Transportes).
A mesma crítica é feita pelo empresário Blaird Cardoso, que dirigiu o sindicato das transportadoras do Vale do Paraíba na época da concessão. "As novas obras não saem mais. É preciso rever tudo."
Procurada, a ANTT diz que a concessionária já realiza obras para melhorar o ponto mais crítico e também elabora projetos para construir marginais ao longo da estrada, além de fazer operações especiais para combater os congestionamentos.
A agência afirma também que os locais mais perigosos são os mais movimentados, o que seria comum em rodovias.
O esgotamento da Dutra já levou a tentativas de entendimento entre os governadores José Serra (PSDB-SP) e Sérgio Cabral (PMDB-RJ) para construir uma nova ligação.
A Folha procurou o secretário dos Transportes de São Paulo, Mauro Arce, mas sua assessoria disse que ele não poderia se manifestar ontem.
O grupo de trabalho tripartite -formado por órgãos do governo, usuários e NovaDutra- que discute a concessão se reúne no próximo dia 20 para discutir os rumos da estrada.
Uma das propostas é realizar uma nova divisão de pontos de cobrança do pedágio, como ocorreu no início da década. Assim, mais usuários passariam a pagar o pedágio (com valor menor).

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