sexta-feira, 8 de maio de 2009

BC acena com queda dos juros


O Banco Central está disposto a reduzir ainda mais a taxa básica de juros (Selic) fixada em 10,25% ao ano. A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária destaca ingredientes que sugerem a queda, como ociosidade na capacidade produtiva e inflação sob controle.


Copom vê melhora no cenário econômico brasileiro, com tendência de queda da inflação

O Banco Central está disposto a reduzir ainda mais a taxa Selic, fixada em 10,25% ao ano na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em abril. A indicação está presente na ata da reunião, divulgada ontem pelo BC. Em determinado momento, o documento afirma que "a despeito de haver margem para um processo de flexibilização, a política monetária deve manter postura cautelosa". Para especialistas, esse é o trecho que deixa clara a postura do BC. O texto destaca que inflação está sob controle, há ociosidade na capacidade produtiva e incerteza na recuperação internacional, ingredientes que sugerem queda dos juros.

Para o economista-chefe da LCA Consultores, Bráulio Borges, a ata deixa claro que o BC quer baixar juros, ao lembrar que "há margem para flexibilização", mas disse também que foi indicada claramente uma condicionante para novas reduções da Selic: uma definição sobre a nova sistemática de remuneração das cadernetas de poupança. Refere-se à frase presente na ata de que "o comitê entende que a continuidade do processo de flexibilização monetária torna premente a atualização de aspectos resultantes do longo período de inflação elevada, que subsistem no arcabouço institucional do sistema financeiro nacional".

– O BC deixa claro que, antes disso, tem que resolver o problema da poupança – afirma Borges, ao acrescentar que a nítida a intenção de reduzir juros esbarra no dilema do rendimento das cadernetas.

O economista disse estar surpreso com a demora do governo em estabelecer definições sobre esse tema. Mesmo que superado o obstáculo, Borges avalia que novas reduções de juros vão ocorrer em velocidade mais lenta.

– A partir de agora, será um ajuste fino – disse o economista da LCA.

Como a próxima reunião do Copom está prevista apenas para os dias 9 e 10 de junho, vai haver mais tempo e menos pressão para a conclusão do debate sobre a remuneração da poupança, disse Borges.

Na quarta-feira, em teleconferência a partir de Brasília com a Federação da Indústria do Rio Grande do Sul (Fiergs), o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, mencionou dificuldades enfrentadas pelo Brasil como consequência do longo período inflacionário do país.

– Nós vamos enfrentar problemas de uma sociedade preparada para operar com juros altos – advertiu Meirelles.

A economista Marcela Prada, da Tendências Consultoria, compartilha a avaliação de que o BC está pronto para reduzir mais a Selic.

– Há alguns sinais de retomada da economia na margem, mas em ritmo muito lento – disse, ao reforçar o que estava sinalizado na ata do Copom sobre o alto grau de ociosidade.

De acordo com Marcela, o BC deve, a partir de agora, operar com maior atenção sobre o que deve ocorrer em 2010, já que para este ano está afastado o risco inflacionário. Sobre essa perspectiva, a ata deixa claro que não há perigo, ao mencionar que "o Copom avalia que a probabilidade de que pressões inflacionárias inicialmente localizadas venham a apresentar riscos para a trajetória da inflação segue diminuindo", cita a ata.

A economista lembrou que, mesmo que se projete crescimento zero para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, é preciso haver uma recuperação mais forte da economia a partir de agora, compensando os maus resultados acumulados no início de 2009. Para isso, juros mais baixos vão ser bem-vindos.

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